Quinta-Feira, 08 de Junho de 2023 |

Colunista


Conversando sobre o cotidiano


Paulo Franquilin


franquilin.pc@gmail.com


Um programa ditatorial no rádio

Diariamente, às 19 horas, em todo o Brasil, as rádios param suas programações por uma hora para a transmissão da Voz do Brasil, transmitindo para todos os brasileiros as ações do governo federal, nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, indo ao ar de segunda a sexta, exceto em feriados nacionais.

Criada em 22 de julho de 1935, como a Hora do Brasil, no primeiro governo de Getúlio Vargas, tinha por objetivo transmitir os discursos do presidente Vargas, levando as ideias e realizações de seu governo, mudando seu nome para Voz do Brasil no ano de 1962, mantendo-se no ar até nossos dias.

A obrigatoriedade de sua transmissão tem inúmeras contestações, visto que não é um programa popular, com enorme rejeição dos brasileiros, surgindo algumas tentativas de proprietários de rádios para que não fossem obrigados a transmitir o programa, conseguindo algumas liminares, porém a obrigatoriedade foi mantida.

Com todo o sopro de liberdade que foi trazido pela Constituição Federal de 1988, é difícil entender por que continuamos a ouvir um programa de rádio que não chama a atenção da população, num horário nobre dentro da programação das rádios.

Sermos obrigados a ouvir uma enxurrada de números, políticos defendendo projetos do governo, decisões judiciais e muitas informações sobre projetos e mudanças na legislação federal, durante uma hora, sem opção de escolha, a não ser ouvir ou desligar o rádio.

Quando de sua criação, durante a ditadura de Vargas, nos moldes do que faziam os ditadores Mussolini, na Itália, e Hitler, na Alemanha, que usavam o rádio para transmitir suas ideias ao povo, assim o Brasil teve sua cópia desta forma de divulgação de programas de governo.

Acredito que está no momento de revisar esta obrigatoriedade, flexibilizar o horário ou, até mesmo, acabar com o programa, que não tem apelo popular, custa muito para os cofres públicos sem retorno efetivo à população brasileira.

COMENTÁRIOS ()