Naqueles tempos do Julinho
Minha história tem três anos, da década de 1980, dentro do Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, sendo que passei por seleção para ingressar, pois haviam professores estaduais qualificados, estrutura de apoio para o ensino, laboratórios e cursos profissionalizantes, sendo um colégio público e referência dentro da educação gaúcha.
As drogas existiam e circulavam no entorno do Julinho, com alguns colegas fumando baseados na praça ou nos fundos da escola, porém dentro não rolava, tÃnhamos monitores fiscalizando e havia respeito por estes, que nos tiravam das sacadas, quando tentávamos matar aulas.
Com o avançar dos anos, novas legislações, mudanças culturais, sucateamento do ensino público, o meu antigo colégio passou por alterações, foi totalmente gradeado, acabou perdendo o status de referência e tornou-se uma escola com muitos problemas de disciplina e falta de apoio do poder público.
Infelizmente a realidade do Julinho não é diferente de milhares de escolas públicas ou privadas de nosso Estado, com circulação de drogas tanto nas redondezas e, muitas vezes, no interior dos estabelecimentos.
Os professores e os demais profissionais das escolas estão sem autoridade, com inúmeros registros de agressões psicológicas ou mesmo fÃsicas contra os educadores, pois há desrespeito por normas, aliado à desestruturação familiar, faltando a base educacional.
Fico triste com toda a mudança da realidade, por não termos mais um ensino de qualidade, somente professores desmotivados e desvalorizados, alunos mal educados e sem limites, famÃlias sem tempo para educar seus filhos.
Assim o sistema educacional não consegue ensinar, pois precisa tentar educar os alunos, os quais chegam à s escolas sem noções mÃnimas de convivência e respeito ao outro.
Tomara que um dia os governantes entendam que o sistema educacional é o melhor caminho para termos um futuro melhor para nossas crianças e adolescentes e talvez voltemos a viver como naqueles tempos do Julinho.