Boate Kiss: cinco anos depois
Na madrugada de 27 de janeiro de 2013 um incêndio acabou com 242 vidas, deixando 680 feridos dentro da armadilha chamada Boate Kiss, depois que um integrante da Banda Fandangueira usou um sinalizador, atingindo o revestimento de espuma, alastrando fogo e fumaça tóxica dentro do prédio.
Durante anos funcionou sem alvará, com fiscalização “compreensiva” dos funcionários da prefeitura e também com seu Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) sempre incompleto, acontecendo adaptações e reformas irregulares em sua fachada e interior.
Muitas autoridades públicas tomaram conhecimento das diversas irregularidades envolvendo a Boate Kiss, porém nada aconteceu contra seus sócios, apenas advertências e multas que não mudaram a realidade da estrutura.
Na noite do incêndio a lotação da casa excedeu ao limite de 690 pessoas, chegando a mais de mil pessoas, porém sem nenhuma possibilidade de saírem caso houvesse algum incidente, com seguranças despreparados para lidar com um incêndio.
Desta forma, quando o incêndio iniciou, os seguranças da portaria imaginaram uma briga e impediram as pessoas de sair sem pagar, enquanto outras centenas iam à direção dos banheiros, imaginando serem saídas, porém as janelas foram lacradas, numa reforma para embelezar a fachada.
Depois aos poucos os corpos foram caindo, havendo pânico na escuridão da Kiss, pessoas morrendo pisoteadas, enquanto de fora bombeiros e civis tentavam quebrar as paredes para conseguirem entrar e retirar as pessoas, na tentativa de salvar quem não morreu queimado ou sufocado pela fumaça.
Assim depois de enterrados os corpos, mutiladas as famílias, veio a investigação, com processos judiciais que se arrastam, com inúmeras audiências, alguns julgamentos, porém nenhuma pessoa foi responsabilizada, nada aconteceu com os proprietários, bombeiros, funcionários municipais, autoridades do munícipios e de outros poderes.
Resta apenas um prédio abandonado na Rua dos Andradas, em Santa Maria, símbolo do descaso, da impunidade e da morte de 242 pessoas que estavam lá apenas para se divertir, trabalhar ou salvar vidas, enquanto centenas esperam o resultado de sua exposição ao cianeto que respiraram há cinco anos.