Mortes estúpidas
Um milionário, apresentador de televisão, com uma carreira sólida na comunicação brasileira, com 60 anos e uma servidora pública, policial militar, com alguns anos de trabalho na Brigada Militar, morreram estupidamente na última semana.
Gugu Liberato, tentando arrumar um aparelho de ar condicionado em sua mansão nos Estados Unidos, caiu de uma altura de 4 metros e bateu com sua cabeça num móvel, entrando em morte cerebral.
Marciele Santos, trabalhando no Pelotão de Operações Especiais, numa estrada do interior do Rio Grande do Sul, foi atropelada por uma caminhonete roubada, tendo múltiplos ferimentos e morrendo no hospital.
As duas mortes mostram que nenhum ser humano está livre deste destino, não importando suas condições financeiras, seus desejos ou suas vontades. Morremos de qualquer jeito, sem planejamento, somos frágeis e não dominamos nossas vidas.
As estúpidas mortes mostram que, independente de onde estivermos, somos apenas uma fagulha que um sopro de vento pode apagar. Em cada caso houve comoção, de um lado por uma grande parcela da sociedade brasileira e internacional, enquanto que do outro, os manifestos ficaram restritos a familiares e integrantes das polÃcias. A televisão brasileira vai continuar sem contar mais com o carisma de Gugu e a Brigada Militar segue em frente, sem o sendo de dever de Marciele.
A vida segue, novos apresentadores surgirão e mortes como a de Gugu serão raridade, enquanto que mortes como a de Marciele continuarão acontecendo, pois o proteger a sociedade cobra dos policiais o sacrifÃcio da própria vida.
Os milhões de dólares contrastando com salário defasado, um palácio com uma casa simples, o glamour das telas com a realidade da rotina estressante do combate ao crime, enormes homenagens com multidões indo ao enterro e a pequena comitiva de fardados no cemitério em Cachoeira do Sul.
Descansem em paz Gugu e Marciele, cada um em sua realidade e sua importância para a população.