Longe da mãe
Pela primeira vez em muitos anos tive que passar o Dia das Mães longe da minha mãe Vanda, porque, normalmente, todos os anos viajo até Alegrete para levar um presente e comer um churrasco, reunindo toda a parentada.
A gravidade da pandemia da COVID-19 ameaça a vida dos idosos e minha mãe, com seus 82 anos, está bem protegida dentro de sua casa, sendo cuidada por pessoas atenciosas e tomando vários remédios para manter seu corpo funcionando.
Os planos foram desfeitos, as rotinas, alteradas e tantas famílias tiveram que passar pela mesma situação, com filhos obrigados a ficar distantes das mães que amam, deixando de abraçar e beijar aquelas a quem tanto devem.
Restou para mim a ligação telefônica para desejar um feliz Dia das Mães, já ela não domina as novas tecnologias e seu celular apenas recebe e faz ligações, mas conversamos bastante tempo, trocando carinho e dando risadas, inclusive mandando pedaços de churrasco virtuais para o almoço.
Na despedida a certeza de que o amor materno é imenso, pois ela fez as mesmas recomendações de minha infância, enquanto eu pedia para se cuidar e não sair de casa e ela, bem alegre, respondeu que era muito nova para pegar esta doença.
Muitos filhos tiveram o privilégio de passar junto com suas mães e compartilhar bons momentos, com almoços especiais e sobremesas preparadas para agradar os filhos e toda família.
No entanto, inúmeros tiveram que passar em hospitais, com suas mães doentes, cuidando e esperando que se recuperem e voltem para casa, onde poderão contar histórias e perguntar como está a saúde dos filhos.
Porém existem aqueles que já não tem suas mães, precisando conviver com a falta no domingo de maio, lembrando dos dias felizes ao lado de quem os trouxe ao mundo.
Acredito que os mais tristes são aqueles que perderam suas mães para a nova doença, que além de trazer sofrimento, ainda não permite a despedida, pois os protocolos exigem caixões lacrados e velórios enxutos.