Quinta-Feira, 30 de Maro de 2023 |

Colunista


Conversando sobre o cotidiano


Paulo Franquilin


franquilin.pc@gmail.com


Isolados do Mundo
A vida está diferente em nossos dias. O individualismo domina a existência das pessoas, cada um vive no seu espaço, em isolamento voluntário, perdendo a convivência com os outros seres, em virtude de toda a tecnologia disponível na nossa sociedade.
São computadores, notebooks, tablets, smartphones e celulares com acesso ininterrupto ao mundo virtual, levando os indivíduos a perderem contato com o mundo real, dando mais importância ao diálogo em mensagens do que a troca de palavras com outras pessoas de seu convívio.
Estamos numa viagem pela rede virtual, onde nossas passagens são a nossa conexão permanente, nossa perda de sentido da existência do tempo e do espaço, somos levados a saborear imagens, sons e diálogos que não são vitais, mas que se tornam indispensáveis para sermos felizes.
“Nas escolas, nas ruas, nos campos, construções há seres conectados, amados ou não, quase todos perdidos de tablets na mão” poderíamos cantar, pois esta é a nossa realidade, uma multidão em todos os espaços, ligadas a aparelhos, deixando o tempo passar e perdendo o contato com o mundo real.
Em espaços públicos podemos constatar as pessoas juntas, mas separadas pelas telas e teclas, olhando imagens e não vendo os olhos de quem está à sua frente, em pequenas bolhas virtuais, cada um vivendo o seu momento, sem se preocupar com sentimentos, toques e pulsar de vida.
Famílias estão acabando, desmontadas pela falta de diálogo, filhos e pais não tem mais convivência, alunos e professores não tem mais proximidade, colegas estão afastados, amigos não são mais presentes, os contatos estão cada vez mais difíceis, há uma vida em paralelo, com troca de informações, segredos e intimidades com outras pessoas que podem nem existir, podem ser perfis inventados que dialogam com outros seres numa nuvem tecnológica que não vemos.
Tenho receio de que cada vez mais as pessoas venham a viver em mundos virtuais, digitando enquanto comem alimentos, passando a vida teclando mensagens e vendo vídeos, alegrando-se com bobagens, deixando de ter contato com os outros seres humanos, tornando-se pessoas frias e sem sentimentos.
Talvez conversar, tocar e sentir tornem-se verbos desnecessários na linguagem das futuras gerações se não houver a conscientização de que precisamos acordar para a vida real e para o mundo que nos cerca.

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