Quarta-Feira, 22 de Março de 2023 |

Colunista


Conversando sobre o cotidiano


Paulo Franquilin


franquilin.pc@gmail.com


Os crimes envolvendo o racismo acontecem nos estádios de futebol em diversas partidas, sempre tem algum torcedor exaltado a xingar jogadores, integrantes das comissões técnicas, arbitragem ou dirigentes, chamando de negro ou de macaco, são palavras usadas largamente pelos que frequentam o espaço do futebol.
O caso do juiz em Bento Gonçalves e do goleiro em Porto Alegre não são casos isolados, ocorrem com frequência, em vários lugares pelo mundo afora, não importa o nível social ou econômico dos envolvidos, sempre há alguém xingando e descumprindo as regras de convivência humana.
Os estádios de futebol tem a força de mudar comportamentos, neste espaço pessoas calmas perdem a paciência, mulheres e crianças insultam com palavrões, descumprindo regras da educação rotineira, há licença para a transformação dos indivíduos, os quais, quando em meio à torcida, aproveitando-se do anonimato, falam absurdos, fazem atos violentos, baseados na premissa de que as arquibancadas são um espaço sem leis.
Os juízes de futebol terem suas mães ofendidas pelos torcedores é uma regra, sempre que há discordância com as decisões contra o time pelo qual torcem. Há até uma série chamada FDP, falando sobre a vida de um juiz de futebol para ilustrar a normalidade de tal ofensa contra os profissionais do apito.
As torcidas organizadas e seus cânticos são outro exemplo de falta de educação dos torcedores, quando estimulam agressões verbais aos times adversários e aos seus jogadores, sem falar nas expressões chamando de homossexual qualquer jogador que venha a desagradar por suas jogadas.
Chamar o técnico de burro é o mínimo que se ouve nas arquibancadas, além de ofensas à família. As frases de cunho racista e homofóbico habitam o espaço dos estádios de futebol com uma aceitação de naturalidade, por que ali deve se desopilar, xingar para aliviar o estresse, falar mal de quem nem conhecemos, ofender gratuitamente para nos sentirmos bem.
Se a cada ofensa racista ou de qualquer outra natureza resultasse em afastamento de competições dos clubes envolvidos corremos o risco de não termos mais clubes para disputar as competições de futebol.
A ideia de que existe uma raça superior fez ocorrer um genocídio durante a II Guerra Mundial e as diferenças não toleradas continuam gerando confrontos em diversas partes do mundo, inclusive dentro dos estádios de futebol.

*Ten Cel BM, Jornalista e Escritor

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