Terça-Feira, 21 de Março de 2023 |

Colunista


Conversando sobre o cotidiano


Paulo Franquilin


franquilin.pc@gmail.com


Fechem as comportas!

A ordem de bloquear as comportas do Muro da Mauá foi o último gesto de proteção à cidade de Porto Alegre contra as águas do Rio Guaíba que avançaram de forma descontrolada, invadindo, depois de 74 anos, o Caís Mauá, vindo a cercar o Centro Histórico da Capital.
O sistema de prevenção às enchentes é algo arcaico, comparado a tantas outras medidas que poderiam ser adotadas para prevenir as cheias no Rio Guaíba, que a cada ano sobe quando as chuvas superam a normalidade, sendo os primeiros pontos a serem atingidos, as ilhas que circulam Porto Alegre, as quais neste momento estão submersas de forma assustadora.
Todos os municípios do entorno da Capital tem problemas com as enchentes, pontos reconhecidos pelas autoridades, as quais, normalmente, esperam o problema chegar para posarem em fotos junto aos pontos alagados e decretar estado de calamidade, esperando verbas para consertar os estragos.
A situação do interior do Estado, não é diferente, podem-se constatar os níveis de diversos rios acima do normal, alagando diversas cidades, causando transtornos às populações e a mesma regra pode ser aplicada: as autoridades somente preocupam-se com este problema quando as cidades são tomadas pelas águas, não há nenhuma medida preventiva para as calamidades que vão ocorrer em diversas oportunidades durante os períodos de chuvas.
Chuvas acima da média perderam a novidade, agora são normalidades do cotidiano dos gaúchos, com suas cidades construídas às margens dos rios, muitas aterradas de forma descontrolada, com sistema de esgotos inadequados e margens desmatadas, propiciando o assoreamento dos leitos, diminuindo o espaço para passagem das águas, aumentando o risco de inundações cada vez maiores.
Construção de canais e sistema de diques para evitar os alagamentos demandam custos que não estão nos orçamentos das cidades, nem é prioridade a retirada das famílias que moram em locais invadidos pelas águas, apenas são remanejadas para lugares mais altos e, depois, quando tudo volta ao normal, retornam para suas casas, que logo adiante serão invadidas por novas enchentes.

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