Opção equivocada no transporte de cargas
A atual greve dos caminhoneiros expõe uma escolha errada no passado por transporte rodoviário de cargas, em detrimento do ferroviário. Nossa malha viária de ferrovias cobria grande parte do país e necessitava de expansão nos anos 60, porém a chegada das fábricas de veículos determinou os investimentos pesados em rodovias.
A produção industrial cresceu desde então, com a consequente necessidade de levar produtos para outros mercados internos e externos, mas o sistema rodoviário não acompanhou esta expansão, pois temos hoje rodovias projetadas para o tráfego de caminhões com tonelagem menor do que os modernos caminhões que transportam cada vez mais peso.
Muitos municípios, anteriormente grandes centros de fluxo de mercadorias, devido ao transporte ferroviário, tornaram-se modestas cidades e involuíram, diminuindo arrecadação e população, com enormes prejuízos que não serão recuperados.
A Rede Ferroviária Federal foi extinta e todo o sistema estatal de transporte de cargas também, passando tudo para o sistema privado de transporte rodoviário. O fluxo de cargas aumentou muito sem a necessária expansão das rodovias e manutenção daquelas que são utilizadas para a distribuição da produção agrícola e industrial.
Com o sistema atual a greve dos caminhoneiros está gerando desabastecimento de produtos e serviços, sem a possibilidade de nenhuma opção para os governos para manter o fornecimento de produtos para os serviços essenciais à população.
Cumpre salientar que os caminhoneiros passam por enormes dificuldades para cumprirem prazos e chegarem com produtos em tempo para o consumo, principalmente os perecíveis, havendo necessidade de viajar sem descanso e cumprir uma carga horária enorme, enfrentando rodovias inadequadas e pressões de todos os lados.