Tragédia familiar
A morte do soldado Silva Filho foi consequência de seu trabalho, numa abordagem a criminosos que estavam num veiculo roubado, na luz do dia e com filmagens de vários ângulos, com ampla divulgação na mÃdia, mostrando o momento exato dos tiros que atingiram sua cabeça e o fizeram morrer.
O autor dos disparos ainda não foi preso, continua solto, enquanto a famÃlia sofria pela perda de seu ente querido, que segundo mostrado era responsável e auxiliava no sustento dos pais, enviando mensalmente valores para que esses tivessem uma vida melhor.
Enlutados foram entrevistados para falar de seu filho morto, inclusive com a demonstração de várias imagens do filho vivo, em diversos momentos de sua carreira na Brigada Militar, numa demonstração, segundo minha opinião, de total descaso pela dor da famÃlia, visando apenas o sensacionalismo e busca de audiência na televisão.
O mais trágico foi saber que depois dessa visita dos jornalistas, a mãe, já fragilizada, veio a falecer, com um ataque cardÃaco fulminante, na noite posterior ao contato com a equipe, insensÃvel a dor, que mexeu novamente com todos os sentimentos, relembrou toda a trajetória do filho e, numa infeliz coincidência, resultou na morte da dona Silvarina.
Não dá para imaginar a dor do pai de Silva Filho, que agora, além de chorar a perda do filho, tem que superar a morte, poucos dias depois, de sua mulher, numa sequência trágica na vida dessa famÃlia, que, espero, não seja novamente explorada pela mÃdia, numa invasão desnecessária da privacidade da dor e do sofrimento.
Espero que o autor dos disparos seja preso e pague pela sua ação criminosa, porém nada vai trazer de volta o sorriso do filho e a companhia da esposa para o seu Luis, que agora sofre duplamente, sem nenhuma estrutura do Estado para apoiá-lo.
Os brigadianos são desconsiderados enquanto estão na atividade, com seus salários defasados e parcelados e quando deixam de servir para a atividade, seja por acidente ou morte, então são completamente esquecidos e abandonados.