O Perigo da Idolatria Política
Estamos às vésperas de mais um processo eleitoral, e mais do que nunca precisamos fazer um debate sério sobre o momento político. E isso deve ocorrer além da idolatria de políticos.
Bem verdade que já vivemos uma transformação nesse sentido. Há alguns anos atrás políticos eram vistos como personalidades públicas, quase que celebridades. Hoje, em contrapartida, enfrentamos uma mudança de cultura, já que a classe política depois de tantos escândalos públicos passou a ser também hostilizada.
E não sou a favor desta forma de compreensão, que reside num extremo ou outro. Sou a favor sim de que o trabalho seja reconhecido. Seja ele realizado por político ou qualquer indivíduo.
O debate deve ser sobre pautas, e não sobre nomes, pura e simplesmente. Não precisamos de ídolos ou heróis, precisamos sim de pessoas capacitadas, que representem de fato a qualificação que a gestão pública tanto necessita.
Albert Einstein já falava que “meu ideal político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado”. O indivíduo, ao final respeitado, eleva este respeito para toda a sociedade. Logo, não podemos venerar pessoas, sob pena de sacramentar uma cultura de subserviência, onde apenas servimos, quando, na verdade, a lógica é inversa. O político tem que servir à sociedade, e não ao contrário!
A eleição deste ano é o momento eleitoral mais importante do país. Escolheremos o novo presidente, governadores e parlamentares federais e estaduais. Nossa vida, presente e futuro, passa por estas escolhas. Daí porque a necessidade de assumirmos o protagonismo inerente à cidadania neste momento. Esta é a perspectiva da democracia, afinal.
A indiferença não nos ajuda sob nenhum aspecto. A omissão também não. Trago esta reflexão não em combate a este ou aquele, mas para alertar sobre a necessidade de um debate sério, que seja além da figura política, e passe necessariamente pela análise de programas e pautas que tenham como desdobramentos ações de Estado, e não meramente de governo.
A participação popular deve ir além dos “lacres”, nas redes sociais. Precisamos identificar pessoas que tenham trabalho e defendam ideias sustentáveis, que andem na direção da organização de um país e de um estado mais responsáveis com o gasto do dinheiro público. Precisamos lideranças proativas, acima de tudo com capacidade política, técnica e com ampla capacidade de articulação e representação. Não vamos venerar políticos! Mais do que nunca chegou a hora de reconhecer e enaltecer trabalho, e quem possa representar isso em todas as esferas. A idolatria é perigosa. Por vezes, cega!