Tera-Feira, 06 de Junho de 2023 |

Colunista


Direito e Cidadania


Valmor Freitas Junior



O mundo está ao contrário e ninguém reparou?

Numa das belas músicas do Nando Reis – Relicário – ele refere que o mundo está ao contrário e ninguém reparou. Para o momento atual: Bingo!

Que tempo é este que estamos vivendo?

Primeiro ponto que está muito claro (se é que alguma coisa está clara neste momento), é que as pessoas não estão mais falando, ou expressando opiniões. Não. Estão todos gritando! Inclusive gente que eu julgava inteligente.

Imagina entrar num ginásio lotado, onde todas as pessoas estejam falando alto. Melhor (pior), falando alto não... GRITANDO!!! Ninguém se entende. Ninguém ouve. Aliás, ninguém sequer se ouve. E para competir com quem está ao lado, passam a gritar ainda mais, porque em algum momento deixa de importar o que está tentando se dizer. O negócio é gritar! Vai na força, mesmo!
Este “ginásio lotado”, hoje dá lugar às redes sociais. É impressionante a “gritaria”. E quanta coisa sem sentido, incoerente e contraditória. A sociedade está “doente”.

O que vimos na invasão dos prédios dos três poderes em Brasília – uma convulsão social carregada pelo efeito manada (que merece sim ser criticada e combatida) – na verdade é uma grande consequência de tudo que temos vivido. É a perda da razão desencadeada por fatores que vão além da percepção individual. É um sentimento coletivo!

Voltando, e para deixar claro, nada justifica o que ocorreu, não obstante a motivação que é conhecida por todos (porque sim, todos conhecem). Mas por outro lado, o que justifica os “descalabros” que estamos presenciando junto às decisões do Supremo Tribunal Federal?

Não existe racionalidade alguma para aplaudir e apoiar o que está acontecendo hoje: Um Estado de exceção em vigência! E, pior, uma exceção que caminha para virar regra! E se são graves os atos que presenciamos nas invasões dos três poderes (e são), tão ou mais grave, é o que estamos assistindo já há algum tempo com decisões absurdas, que violam a democracia.

E vivemos um paradoxo! De um lado há os que dizem que as decisões são importantes para “colocar freio” no que vinha acontecendo no Brasil (admitem, por vezes, a inconstitucionalidade, porque necessária (conveniente), segundo dizem...). De outro, defende-se que as invasões eram importantes, pois afinal pacificamente não se conseguiu nada.

Portanto, para qualquer que seja o lado os fins justificam os meios, dentro da sua convicção ideológica! Logo, a exceção está posta, e seguem gritando para que, no grito, tentem convencer sobre quem está certo! E a gritaria, sempre interessa para alguém...

E quem começou isso? Bom, esta é “tipo” aquela pergunta sobre quem veio primeiro, se “o ovo ou a galinha”. Se formos voltando no tempo vamos chegar no Brasil/Colônia, e seguiremos na dúvida...

Não tem mais lógica, porque a racionalidade sucumbiu. A discussão não é mais sobre interesse público, direito ou democracia. É uma disputa meramente política e ideológica, por isso gritam por aí barbaridades de toda a ordem.

O mundo está ao contrário. A sociedade perece. Não tem vencedores até aqui. Todos nós perdemos. Não falo mais nem do resultado eleitoral. Falo sobre tudo que estamos vivendo. Neste momento, os extremos fazem um mal perverso para o Brasil, e isso já deixou há muito tempo de ter relação com direita ou esquerda. Triste! Precisamos ter coragem para seguir.

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