REDES SOCIAIS E SUICÍDIO
O avanço tecnológico é latente e necessário em nossa sociedade e vem ocorrendo desde o final dos anos 60 e em taxas exponenciais.
O surgimento da internet revolucionou as relações humanas e a propagação das mais diversas redes sociais para interação – do tipo CQC, MSN e ORKUT, já até mesmo superadas – trouxe muitas novidades além de possibilitar o contato entre pessoas desconhecidas, a ampliação do networking, amizade e relacionamentos amorosos (sites do tipo TINDER), dentre outras facilidades.
Mas nem tudo são flores. Também vieram, com elas, problemas que antes inexistiam, especialmente a necessidade de conexão constante e aprovação daqueles que interagem.
Em resumo, tudo tem seu lado bom e ruim. Os avanços são necessários, inegáveis e, até certo ponto, positivos, mas há muitos perigos e notícias inverídicas (fake news) nas redes sociais.
Os adolescentes e jovens em especial têm sido afetados pela necessidade de fazer parte desse ambiente muitas vezes irreal mostrado no mundo virtual. Mas não basta estar nesse mundo, eles acreditam que precisam se adequar a ele.
Nesse início de ano houve a divulgação de muitas mortes ocorridas por suicídio de pessoas famosas e/ou que foram influenciadas de alguma forma pelo mundo virtual (nacionais e internacionais).
Os suicídios ocorreram por alguma razão relacionada a aceitação dos demais amplamente disseminada pelos directs, pelos tuiwtees ou afins e levaram essas pessoas a escolher acabar com a própria vida ou entender que sua vida real não era tão importante quanto aquela do mundo virtual.
Estamos apenas em março.
Apesar da internet não ser mais terra sem lei - desde a promulgação da Lei 12.965/2014 conhecida como o Marco da Internet - as relações no mundo virtual possuem certa regulação e suas atitudes na rede podem ser criminalizadas, ainda há muitas pessoas que optam por se esconder atrás de um nickname ou perfil falso para propagar ódio, preconceito, xenofobia e atitudes que jamais teriam no mundo real.
A maioria não tem ideia das consequências negativas que podem inferir naqueles que já estejam fragilizados ou buscando identificação no mundo virtual.
Alvo fácil também têm sido aqueles integrantes de comunidades específicas como alguém que se declara de um gênero diferente – LGBTQIA+, por exemplo.
E isso tudo não acontece apenas com famosos, certamente conhecemos alguém que na vida virtual está sempre feliz e mostrando apenas a parte bonita de seus dias e, de repente, ficamos sabendo que não está tão bem ou tão feliz quanto aparentava.
Hoje os aplicativos de mensagens instantâneas não nos deixam desconectar já que, através deles, recebemos mensagens a todo momento e cobrança de resposta na mesma velocidade.
Quem lê, visualiza e não responde uma mensagem é deixado de lado e substituído pelo concorrente – não aquele mais competente mas o mais rápido.
Da mesma forma as relações humanas se tornaram mais fugazes e descartáveis. O sentimento foi deixado para segundo plano, o importante é o momento, o hoje. As consequências dessa opção, vemos diariamente com o aumento de divórcios e, na mesma proporção, de novos casamentos. Hoje em dia é bem comum as pessoas terem sido casadas três, quatro vezes ou mais.
Note-se que não se está fazendo um juízo de valor, mas apenas apontando os acontecimentos do mundo atual.
O que precisamos pensar é se, essas atitudes são realmente o que precisamos para uma vida completa, plena e que nos traga realizações. Se a resposta for sim, atingimos o objetivo, mas se a resposta muitas vezes nos levar a acreditar que ceifar a vida é melhor do que viver nela, precisamos reavaliar o que está acontecendo com a nossa sociedade e com esse modelo propagado ainda que virtualmente.