Mulheres Negras e o Movimento Julho das Pretas
A luta das mulheres negras sempre foi árdua e é por esse e outros tantos motivos que abordar o tema da igualdade racial é indiscutivelmente importante e necessário.
A história das mulheres negras, desde o tráfico negreiro (que possibilitou a escravidão no Brasil), foi marcada por exploração, perseguição, abusos sexuais, agressões, separação da família, etc.
A batalha contra o racismo e a busca pela igualdade de gênero precisam se fazer presente diariamente em debates e ações que garantam direitos e visibilidade a todas essas cidadãs. Provar a importância das mulheres negras para a sociedade é algo dispensável, frente a inúmeros exemplos de mulheres que lutaram (e ainda lutam) para superar condições desiguais e para assegurar respeito e melhores condições de vida.
Na história dessas mulheres podemos destacar algumas protagonistas: (a) Tereza de Benguela uma heroínas negra que se tornou líder do Quilombo do Piolho (após a morte de seu marido) e ficou conhecida como a Rainha Tereza; (b) Dandara dos Palmares que lutou juntamente com Zumbi dos Palmares contra a escravidão e pela liberdade do povo negro; (c) Odília Teixeira primeira médica negra do Brasil, em 1909 já desafiava paradigmas; (d) Antonieta de Barros, entre 1935 e 1937, foi a primeira mulher negra deputada estadual no Brasil; (e) Ruth de Souza a primeira negra a atuar no Theatro Municipal do RJ, em 1945; (f) Yvonne da Silva Lara foi a primeira mulher a compor um enredo de escola de samba em 1965; (g) Marielle Franco, socióloga e política brasileira, defendia o feminismos e os direitos humanos; em 2018 foi assassinada, após ter denunciado casos de abuso de autoridade contra moradores de comunidades carentes.
O Julho das Pretas é um movimento que busca fortalecer a ação política e a autonomia das mulheres negras em diferentes áreas da sociedade. Essa ação foi criada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, na cidade de Salvador (BA) em 2013. Dentre os objetivos se destacam os seguintes: enfrentar o racismo, fortalecer a autonomia financeira das mulheres negras, aumentar a representatividade política e resistir a qualquer forma de opressão que atinge as mulheres negras.
Em 2022, a 10ª edição do Julho das Pretas traz para debate o tema “Mulheres Negras no Poder, Construindo o Bem Viver” e conta com 427 atividades em 18 estados do Brasil, além de uma atividade em Paris, na França.
Neste mês temos duas datas importantíssimas que precisamos comemorar: o dia 25 de julho – Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra (instituído pela Lei nº 12.987/2014) e o dia 31 de julho – Dia da mulher Afro-Latina Americana e Caribenha.
Para terminar, que se reafirme sempre a importância da comemoração, do debate, da luta diária por mais ações que garantam um maior empoderamento das mulheres negras e o fim do racismo; para que possamos viver um uma sociedade com menos violência e preconceitos e com mais liberdade e igualdade de gênero.