Por Redação em 19 de Maio de 2023
"Audiência pública debate problemas na saúde e debate reflexos do Programa Assistir" (Foto: Divulgação)
Foi instalada a Frente Parlamentar em Defesa dos Trabalhadores da Saúde, que promoveu sua primeira audiência. O evento debateu os reflexos do Programa Assistir, proposto pelo governo do estado, para as trabalhadoras e trabalhadores dos hospitais de Porto Alegre e Região Metropolitana. A audiência contou com entidades que representam as categorias.
O Assistir foi lançado em 2021 e buscava resolver problemas financeiros na área da saúde, mas acabou gerando crises nos hospitais. “O Hospital de Osório por longa data já se tem problemas, e está tão grave que precisou de uma intervenção do Estado. Cachoeirinha, Alvorada e Viamão são municípios que já apresentam dificuldades financeiras oriundas do Assistir”, aponta Júlio Jesien, presidente do Sindisaúde-RS.
O Instituto de Cardiologia, que administra hospitais em Porto Alegre, Viamão, Cachoeirinha e Alvorada, também enfrenta problemas. “O Assistir na Região Metropolitana está causando um terrorismo nos trabalhadores da saúde. O Instituto de Cardiologia todo, que agrega dois mil trabalhadores, tem uma enorme dificuldade já há dois meses de pagamento de salário”, afirma Jesien.
A deputada Luciana Genro (PSOL) acolheu as demandas e lamentou a ausência de representantes do governo e dos hospitais. “Sugiro que os trabalhadores tracem um quadro desse problema que está ocorrendo e depois nós fazemos um novo encontro, para que possamos cobrar da Secretaria da Saúde. Queremos garantir direitos, leitos do SUS e qualidade no atendimento”, coloca a proponente da Frente.
A importância do apoio da sociedade às demandas dos trabalhadores foi citada por Valmor Guedes, Diretor de Saúde do Trabalhador do Sindisaúde. “Há um desestímulo para que novos profissionais venham para a nossa área, assim como na educação. Estamos muito preocupados com isso, temos adoecido muito. Essa Frente Parlamentar pode nos ajudar muito a fazer ecoar as nossas lutas para a sociedade”, avalia o gestor.
Instituto de Cardiologia
Recentemente, começaram a circular notícias de que os hospitais de Alvorada e de Cachoeirinha deixariam de ser administrados pelo Instituto de Cardiologia. “Tememos as demissões em massa que podem ocorrer devido a essa suposta licitação em Alvorada e Cachoeirinha. Estamos preocupadíssimos, porque a gestão não fala nada”, coloca Viviane Machado, presidente da Associação dos Servidores do Instituto de Cardiologia.
André Melo representou a Associação Gaúcha de Trabalhadores da Saúde e se mostrou temerário com o caso. “O fechamento da traumatologia de Viamão acaba repercutindo nas outras cidades da região. A nossa preocupação maior é que todos os trabalhadores de Cachoeirinha e Alvorada foram pegos de surpresa, sendo que a situação de Viamão já afeta também estes hospitais. Fica tudo muito nebuloso”, colocou.
Encaminhamentos
Como encaminhamento, Julio Jesien voltou a frisar sobre a importância de haver um diálogo por parte da administração dos hospitais e do governo do estado com os trabalhadores. "Temos um problema fundamental na saúde e o Estado se omite. Talvez a gente tenha que levar para o Ministério Público, e precisamos buscar uma agenda com a secretária da Saúde, Arita Bergmann", sugere o presidente.
Luciana se somou aos encaminhamentos. "O Programa Assistir causou um problema grave em vários hospitais. Além de falta de verbas também temos denúncias de várias irregularidades que levaremos ao Ministério Público. Vamos solicitar uma agenda com a secretária da Saúde, Arita Bergmann, e enviar um pedido para que a Comissão de Saúde da Assembleia ouça as demandas", conclui a deputada.