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Carta do leitor

Ética x Jeitinho Brasileiro: se é bom só pra mim, realmente, é bom?

Por Redação em 15 de Janeiro de 2016


A presente publicação trata de uma pequena reflexão sobre como estamos nos comportando no confronto moral da ética e do jeitinho brasileiro dentro sociedade brasileira

O troco que nos é dado a mais, a fila que furamos, não declarar impostos de renda, comprar produtos piratas, dar um jeitinho aqui e outro ali, encontrar furos no sistema ou passar a roleta pela parte de baixo. Essas ações, entre outras, vem junto às frases: só essa vez; nunca fiz nada de errado; ninguém vai descobrir; todo mundo faz; isso não vai dar em nada e etc... O jeitinho brasileiro é, infelizmente, mais que comum no cotidiano da sociedade brasileira e tem interferindo cada vez mais nas rotinas operacionais à táticas nas organizações públicas e privadas, como também, na vida pessoal dos brasileiros. Em contra partida, o jeitinho brasileiro confronta os padrões éticos, os ensinamentos da boa convivência em sociedade, como também, o modelo de cartilha de um bom profissional honesto e íntegro.

Como sabemos o cenário redigido acima, além de ter virado uma rotina no cotidiano do Brasil, também, tem transpassado muito além de um troco não devolvido no caixa de um supermercado e tomou largas escalas, chegando até mesmo, na política através desvios de grandes quantias de dinheiro público e, também, sonegação de impostos por parte de grandes empresas.

Ou seja, como é percebido, na vida do brasileiro em meio a suas decisões das mais simples a mais complexas, podemos identificar que de um lado temos a ética, onde a regra é o bem estar da coletividade e de outro e o jeitinho brasileiro, que leva em consideração que sempre existe ou se é criado uma forma de achar um meio mais fácil de fazer as coisas, trazendo benefício somente para si, fugindo muitas vezes das obrigações e deveres, e burlando os padrões éticos do bem estar que prega o senso e o bem comum.

Dentro desta batalha moral na vida de cada brasileiro é possível visualizar através notícias que recebemos que o jeitinho brasileiro tem vencido essa luta em grande parte das situações, seja na área política, empresarial e até mesmo no âmbito pessoal. Infelizmente, isto nos indica que, a ideologia que tem determinado grande parte das decisões dos brasileiros é da “se vai ser bom pra mim... está bom”. E isso, consequentemente tem gerado um impacto no convívio da comunidade fazendo que um ato ético, moral e que pense no bem estar de todos seja raro, fazendo de muitos, apenas, uma engrenagem no sistema corrupto denominado aqui de maneira geral como jeitinho brasileiro.

No livro Ética e Vergonha na Cara, dos professores Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho (que pessoalmente sou fã), relatam muito bem sobre esse conflito entre a ética e o jeitinho brasileiro na sociedade. Todavia, há uma parte no livro que o professor Cortella comenta que por várias vezes quando palestra sobre o comportamento ético e seus benefícios a comunidade, alguns de seus ouvintes comentam que: “Tudo isso o senhor (referindo-se ao Cortella) nos fala é muito bonito, mas na vida real não é bem assim”. A reflexão que ele propõe, logo após, a ouvir essa afirmação é: “Vida real é a sua vida ou a vida que podemos ter? Realidade é aquilo que existe ou que trazemos conosco como possiblidade? Vida real é só sua vida ou aquela mais abrangente, e apenas um dos modos de ela ser é esse que você propõe que seja realidade?”. A grande verdade é que essa reflexão confronta todos os conceitos disseminados pela má fé, pelo de fato, mostrar que somos mais do que uma engrenagem em “sistema corrupto”, mas somos pessoas capazes de decidir para onde a engrenagem deve girar.

Diogo Mansur Bassan

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