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Carta do leitor

Gratificação de 100% aos engenheiros, arquitetos e topógrafos... E quem se preocupa com a educação?

Por Anonimo em 05 de Julho de 2013


Sou professor da Rede Municipal de Ensino de Alvorada, moro e trabalho há mais de dez anos nesta cidade. Também sou assinante deste jornal há mais de uma década e procuro manter-me atualizado com relação aos principais acontecimentos que ocorrem em nossa cidade. Tenho acompanhado durante os últimos anos a enorme aflição vivenciada pela classe de professores e sua incessante luta em busca de uma melhor valorização profissional. Desta forma, sem identificar-me para evitar prejuízos e represálias de nossos governantes, resolvi compartilhar minha indignação e revolta diante da aprovação, durante a sessão plenária desta terça-feira, de uma gratificação de 100% no salário dos engenheiros, arquitetos e topógrafos da Prefeitura como estímulo ao acompanhamento de projetos e obras.
Nada contra os amigos e colegas engenheiros e arquitetos, mas me parece que em termos de lei este é um dos maiores absurdos, se não o maior, já aprovado pelos nossos governantes e apoiado pela totalidade de nossos vereadores. Um estímulo equivalente ao dobro do salário para que estes profissionais realizem aquilo que na verdade já faz parte de suas atribuições legais enquanto servidores.
O mais revoltante nisso tudo é que este fato se dá justamente num período em que os professores parecem “mendigar” aos nossos governantes um aumento efetivo no vale-refeição, que hoje mal dá pra comprar um cachorro-quente na esquina, e uma maior valorização salarial, tendo em vista que o básico hoje é de R$ 970,98, o menor índice de todos os municípios da região metropolitana do Estado.
Pra piorar, durante os manifestos, nossos gestores têm recebido os professores literalmente de “portas fechadas” em frente à Prefeitura, colocando grades de contenção para evitar que estes animais ferozes prejudiquem a ordem em sua “zona de conforto”. Lastimável para uma classe tão batalhadora e tão importante para o futuro de nossa cidade ser tratada desta maneira.
Perdeu-se o respeito. Por isso não me surpreende que muitos professores estejam indo embora de Alvorada em função da falta de “estímulo” que existe por aqui. Vale lembrar que nenhum outro profissional, nem engenheiro, nem arquiteto, nem político, existiria se não existisse o professor. Mas quem se preocupa com isso... Afinal de contas, em função das bolsas criadas pelo governo federal, vale mais a pena hoje ser drogado ou preso do que ser professor.

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