Por Redação em 16 de Outubro de 2015
Porto Alegre, 02 de outubro de 2015.
Para meu maior ídolo, meu melhor amigo, minha inspiração : meu irmão
Sei que palavras engessadas pelo sentimentalismo, a mais das vezes obrigatório, não são capazes de te sensibilizar. Dizer que o professor é aquele que conduz o rebanho para dias mais felizes, o que professa um conhecimento indispensável aos sem luz momentânea, um lutador em meio aos demônios da existência, cujo amor pela profissão supera tudo e leva carinho e saber aos meninos e meninas – repare que coloquei o carinho antes do saber, tal é a inversão do papel do mestre nos dias atuais – enfim, que todos levamos nossos queridos professores no coração, de passagem algo como “Ao mestre, com carinho”; ora, dizia eu que te conheço tão bem, os clichês não te sensibilizam, embora muitas vezes sejam a um só tempo verdadeiros e falsos, por vezes mais somente falsos, outras raras sinceros.
Não vamos, então, aos clichês, “ser professor é lindo” e toda a ladainha do coro dos comodistas e acomodados, note aí o léxico moda, sempre passageira, sempre interessada e interesseira, sempre algo das finanças. Fiquemos fora de moda, ainda que incompreendidos por muitos, não por ti, subvertida a ordem, façamos a sinceridade do sentir.
Sei que há um poema daquele francês, de nome Baudelaire, que gostas muito e, sim, te sensibiliza e emociona. Diz algo como, o que faço, sabe-o de cor e salteado. A única maneira, do ser, da felicidade é viver embriagado, de vinho, de poesia ou de virtude, ao gosto. Sempre ébrio, portanto livre e absoluto. Pois bem, sei que vives embriagado. Uma sede de saber um tanto mais – para quem? Para você e para os seus –; um estado inefável ao estar em aula, momento sublime, no qual o mundo lá fora, com os problemas particulares, esvanece; um esforço para disseminar entre os seus a semente – escapou-me aqui um daqueles clichês – de uma consciência humanitária, que se indigne com as injustiças desse mundo, e, ao menos, clamem por uma Terra de igualdade. A virtude, não é mesmo?
Bem, se permite que eu elogie a tua contínua embriaguez, é ela que faz de um professor mais que um amigo, mais que um familiar, mais que um segundo pai ou segunda mãe, mais que um profeta, mais que um florista, mais que um professor, mais que um competente, mais que um querido. Embriagado, o professor é um revolucionário, e aqui fica a admiração e os parabéns, sem melodrama, pois, já o disse antes, não aprecias.
Minha eterna admiração,
Normita Garlet Bonaldo