Por Rafael Freitas, professor de história em 19 de Maio de 2023
No dia 10 de maio a Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade Urbana chamou a sociedade alvoradense para uma audiência pública sobre a licitação do “transporte público” da cidade. E foi somente isso, não vi pelas ruas carro de som divulgando a atividade, nem panfletagem, o que fosse para demonstrar real interesse na participação popular nos debates políticos que interessam a todos. Além disso, o chamado também erra em afirmar que o transporte é público. Ora, o transporte não é público, já que é caro e realizado pela empresa privada VAL/SOUL. E deixou de ser coletivo faz tempo, em razão das ínfimas linhas de ônibus disponíveis, quase zero.
Tomei conhecimento da audiência pública no dia 16. E pude participar, já que minha jornada de trabalho é até as 18:20 min. Quando cheguei na Câmara Municipal, um senhor falava sobre uma pesquisa acerca do transporte “público” em Alvorada, sem muita crítica (somente descrevendo), ao tratar os dados como expressão da realidade alvoradense. Eu me questiono se cerca de trezentas pessoas que foram indagadas pela suposta pesquisa representam em alguma medida a realidade de toda a população de Alvorada, para mim a pesquisa foi para “inglês ver”, ou seja, só para dizer que foi feita.
O minúsculo público presente, foi mais uma prova da precariedade do sistema de transporte municipal. Não foi apenas em razão da má vontade do poder público e vereadores em divulgar a audiência, que estiveram presentes somente cerca de 30 pessoas. Poucos puderam presenciar a atividade, para perceber que o projeto de novo sistema apresentado está muito aquém das necessidades do povo trabalhador de Alvorada, principalmente para quem reside nas nossas periferias. Além de ser muito caro, provavelmente para inviabilizar que a VAL prossiga atendendo a população de Alvorada. Talvez seja uma jogada, para favorecer a SOUL, como bem falava o sr. Trovão, em sua fala na audiência referida.
De positivo nesta audiência pública, também foi a fala do professor e profissional da segurança, Serginho (não falo do eterno ex prefeito...). Ele fez vários apontamentos, sobre aspectos ausentes nas falas do apresentador do projeto e dos vereadores. Afinal, o que a VAL faria quanto o receio de muitos usuários do transporte intermunicipal, de terem seus celulares assaltados dentro dos ônibus? Não há menção a isso no projeto apresentado, e eu acrescento que não foi dito sobre os horários dos ônibus nas madrugadas: quando seriam os últimos horários de cada linha? Em resumo, o projeto apresenta mais lacunas, que soluções.
A classe trabalhadora de Alvorada merece muito mais do que foi apresentado na audiência do dia 17 de maio. Me senti desrespeitado pela prefeitura da cidade, em tal audiência tão meia boca. Penso que, caso o poder público realmente se preocupasse com o bem estar da população alvoradense, faria como as cidades de Parobé e Pedro Osório no Rio Grande do Sul, com transporte intermunicipal com tarifa zero! Se for para gastar tanto com subsídio (afinal o projeto novo apresentado é milionário), que a prefeitura tenha seu próprio sistema de transporte: coletivo, público e gratuito!