Domingo, 26 de Março de 2023 |

Editorial

O debate do calendário do futebol

Por Redação em 06 de Maio de 2022


Neste final de semana, Alvorada realizou mais uma edição de seu maior e mais tradicional campeonato de futebol: o Torneio 1º de Maio. Segundo relatos do secretário de Cultura, Esporte e Juventude (SMCEJ), Jefferson Teixeira, já são 51 edições da competição que segue forte e pulsante no município. Tanto é que dezenas de pessoas estiveram no campo da Sociedade União para prestigiar as finais.

São diversos times que se organizam para a disputa do torneio, que contempla categorias de base, principal e veteranos. Todos os públicos, atletas e clubes podem participar, pois se sentem incluídos no processo. Além disso, o certame é curto. São dois ou três finais de semana – no máximo – e já se conhecem os campeões. Com isso, também acontecem as festas.

Normalmente, o Torneio 1º de Maio reúne dois tipos de times: de um lado estão os tradicionais, que disputam todos os anos e contam com um calendário – seja de amistosos ou competições – por boa parte do ano. Do outro lado estão os times que se organizam apenas para este campeonato e, depois disso, se desmancham e retornam somente no ano seguinte.

O problema é que, com isso, existem prejuízos. Os times organizados o ano todo acabam tendo menos adversários, não se desenvolve categorias de base – isso pensando no serviço social como também no futuro do futebol – e o município perde. E olha que nem estamos falando dos casos em que esses times montados são campeões e os tradicionais ficam sem a taça, pois nesse caso é critério técnico.

Contudo, a preocupação que fica está no futuro do futebol amador da cidade. Como serão os próximos meses se uma parcela dos times só retornará as atividades no ano que vem? O que fazer com as crianças, adultos e veteranos que precisam/querem um time e não encontram? Como movimentar um calendário e criar competições atrativas para que isso não ocorra.

Esse é o grande desafio da SMCEJ – uma época já foi das ligas independentes. É preciso buscar alternativas para que os clubes tenham calendário e atividades durante o ano todo. Não podemos seguir no padrão estadual, aonde os times do interior sobrevivem do Campeonato Gaúcho e dos jogos contra Grêmio e Internacional. É preciso se pensar no futuro da modalidade e não somente no agora.

Alvorada já foi e continua sendo um celeiro de craques. Diversos nomes passaram por aqui e, ainda hoje, vemos nomes importantes surgindo no município. Contudo, é preciso pensar em como movimentar a várzea que não consegue viver do futebol, mas quer e precisa de um calendário mais enxuto. Só que isso não parte apenas da administração, mas também dos clubes que precisam se organizar e estruturar para mais do que um mês de futebol.

O esporte no passado mostrou como se faz futebol o ano todo. É necessário descentralizar e valorizar as competições independentes para encher os campos e o calor das torcidas. Os campos são para a prática do esporte e não para se ver animais pastando o ano todo.

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